Por Dentro da Saúde Masculina: Urologia sem Preconceito
- Isabela Costa
- 18 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de mai.
Falar sobre isso é mais do que necessário, é um passo fundamental que garante a qualidade de vida para todos
Por: Isabela Costa
Em um cenário onde os avanços da medicina e da saúde pública caminham juntas rumo à inclusão, a saúde de homens homossexuais continua sendo um tema pouco discutido. Enfrentam barreiras no acesso a cuidados de saúde adequados e um, de muitos fatores, é a falta de informação devida sobre o assunto.
De acordo com o entrevistado Caio Borduque, médico urologista, “para se criar um ambiente mais acolhedor é fundamental saber o que se tem que falar ou deixar de falar, é saber o que pode ser ofensivo ou o que não pode ser ofensivo.”, declara.
O sexo anal é algo comum entre homens do público LGBTQIA+ e, apesar de ser cercado por tabus, merece atenção por se tratar de saúde sexual. A falta de informação acessível contribui para riscos que poderiam ser facilmente prevenidos com orientação adequada e cuidados simples.
“O sexo anal ele é muito mais propenso a transmissão de doenças, tanto pelo local de inserção, o ânus, e o fato de ser mais fácil a troca de fluídos. No intercurso anal, por exemplo, o receptor tem muito mais chance de contrair doença e qualquer doença que seja sexualmente transmissível, como a HIV, sífilis e gonorreia”, conta Caio Borduque.
As DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) continuam sendo um importante desafio de saúde pública, especialmente para homens homossexuais. Um exemplo dessas doenças é a gonorreia que pode afetar a uretra, o reto, a garganta e, em casos mais graves, outras partes do corpo.
Nos homens, a infecção costuma se manifestar principalmente como uretrite, que é a inflamação da uretra (canal que transporta a urina e o sêmen). Os principais sintomas incluem ardência ao urinar, secreção uretral esbranquiçada ou amarelada e coceira na uretra.
No entanto, muitas vezes os sintomas são leves ou até inexistentes, o que facilita a transmissão sem que a pessoa saiba que está infectada. O diagnóstico é simples, feito por exame de urina ou análise da secreção, e o tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos. A detecção e o tratamento precoce são fundamentais para evitar complicações e a transmissão para outras pessoas.
O uso de lubrificantes e estimulantes sexuais é comum entre homens que fazem sexo com homens e pode contribuir significativamente para o conforto, o prazer e a segurança durante a relação sexual, quando utilizados corretamente. “O uso de lubrificante de forma correta, principalmente quando é à base de água, não traz nenhum problema à saúde urológica. Pelo contrário, é até melhor que haja uma lubrificação, nem que seja artificial, que facilite o ato. Qualquer intercurso sem lubrificação machuca, tanto quem está inserindo quanto quem está recebendo”, relata o urologista.
Quanto aos estimulantes sexuais, é importante destacar que, apesar de serem populares em alguns contextos, seu uso envolve riscos. O uso frequente ou em grandes quantidades pode causar efeitos colaterais como tontura, dor de cabeça, queda de pressão, e, em casos mais graves, complicações cardíacas.
Além disso, há indícios de que o uso de estimulantes pode estar associado a práticas de risco, como o sexo sem preservativo. Por isso, é essencial que o uso de lubrificantes e estimulantes seja acompanhado de informação, responsabilidade e diálogo com profissionais de saúde, para garantir uma vida sexual saudável e segura.
O preservativo é um dos métodos mais eficazes e acessíveis de prevenção contra ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). No caso de homens homossexuais, o uso consistente do preservativo durante o sexo anal é especialmente importante, já que essa prática envolve um risco maior de transmissão de ISTs.
O doutor Caio Borduque compartilha que “Além do preservativo, a forma mais eficaz de prevenção é conhecer o seu parceiro, é saber com quem você está dividindo aquela experiência, saber se a outra pessoa não tem alguma doença e a higiene básica, que é o óbvio, mas o óbvio deve sempre ser dito”.
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