Vida Sexual Feminina: A Psicologia Por Trás dos Padrões Estéticos
- Isabela Costa
- 25 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de mai.
Entenda como a autoestima, pressão estética e diálogo influenciam a vida sexual feminina no mundo da sexualidade
Por: Isabela Costa
Ao longo da história, a vivência sexual das mulheres foi cercada de tabus e repressões, o que influenciou profundamente a forma como elas percebem e expressam seu desejo e prazer sexual. A psicologia, ao investigar a área da sexualidade, busca compreender não apenas os comportamentos, mas também os sentimentos e idealizações que envolvem essa área tão
íntima e significativa.
A entrevistada Dra. Ana Larissa Perissini, psicóloga e sexóloga, falará ao decorrer da matéria sobre a psicologia por trás da vida sexual feminina, sendo essencial para promover saúde mental, autoestima, relacionamentos mais saudáveis e uma vivência sexual mais livre.
Um dos fatores que influenciam no desempenho e no prazer da mulher é a autoestima (a forma como a gente se enxerga e se valoriza), tendo um papel essencial dentro da sexualidade feminina. Quando uma mulher se sente bem consigo mesma, ela tende a viver sua sexualidade de forma mais positiva e segura.
Por outro lado, quando a autoestima está abalada, isso pode afetar o desejo, o prazer e até a capacidade de estabelecer relações saudáveis, como a capacidade de impor limites, de expressar vontades e de não aceitar situações que causem desconforto ou desrespeito.
“A forma como nos percebemos impacta diretamente nossos relacionamentos interpessoais — e isso inclui a vida sexual. A mulher com autoestima elevada sente-se mais segura em relação ao seu corpo, seus pensamentos, suas atitudes e sua sexualidade. Essa autoconfiança favorece uma vivência sexual mais leve, espontânea e prazerosa.
Por outro lado, a mulher com baixa autoestima tende a apresentar inseguranças constantes com relação à própria imagem corporal, podendo sentir-se excessivamente preocupada em agradar a parceira ou o parceiro. Essa autocrítica intensa pode gerar bloqueios emocionais e dificultar a entrega durante o ato sexual, comprometendo o prazer”, relata a sexóloga.
A pressão estética exerce um grande impacto sobre a autoestima feminina, especialmente em uma sociedade que a todo momento cria padrões de beleza quase inalcançáveis. Desde muito cedo, as mulheres são expostas à uma imagem idealizada pela sociedade como perfeita, na grande maioria, ligada a aparência física (magreza, curvas, pele perfeita, dentre outros).
A doutora Ana compartilha que: “A busca excessiva por um padrão de beleza idealizado pode fazer com que a mulher concentre sua atenção de forma excessiva no corpo e na aparência externa. Esse foco tira o olhar do que realmente importa no momento sexual: a conexão com as próprias sensações físicas e emocionais.
É como se houvesse um holofote interno apontando para supostas imperfeições, criando uma espécie de bloqueio. Mulheres muito autocríticas, movidas pelo medo do julgamento, tendem a viver essa busca incessante pela perfeição, o que dificulta a entrega e prejudica a conexão com a parceria”.
Durante a relação sexual, muitas mulheres sentem vergonha do seu próprio corpo, preocupadas com um certo padrão de beleza, como citado no parágrafo anterior, e em como o seu corpo pode agradar a visão do outro. “Muitas mulheres manifestam vergonha do próprio corpo durante a relação sexual por apresentarem traços de autocriticismo elevado e rigidez na forma como se enxergam.
Essas características favorecem comparações constantes com outras mulheres — seja com aquelas que possuem biotipos diferentes, que recorrem a procedimentos estéticos, ou até mesmo com atrizes, inclusive do universo pornográfico. Esse tipo de comparação pode intensificar sentimentos de inadequação e insegurança.
Além disso, quando a parceira percebe que o companheiro consome com frequência conteúdos como pornografia ou perfis de outras mulheres nas redes sociais, isso pode acentuar ainda mais a sensação de não ser suficiente.
Soma-se a isso a pressão social pela juventude eterna: muitas mulheres se sentem inquietas com os sinais do envelhecimento e passam a buscar incansavelmente um corpo mais jovem, negligenciando o prazer, a autoconexão e as potencialidades da sexualidade em cada fase da vida”, conta a psicóloga. Romper com essa lógica exige um processo profundo de reconexão com o próprio corpo, onde o foco deixa de ser a estética e passa a ser o bem-estar, o prazer e a aceitação.
Muitas mulheres enfrentam não apenas a dificuldade de dizer “não” em situações íntimas, mas também a de expressar aquilo que realmente desejam. Como resultado, mesmo em relações consensuais, é comum que priorizem as vontades do outro, se calem diante do que não gostam e deixem de comunicar o que gostam durante o ato sexual.
Essa dificuldade muitas vezes está relacionada a características de personalidade e ao temperamento da mulher, construídos ao longo da vida. A formação da personalidade é influenciada desde a infância por fatores como a criação, os vínculos familiares, experiências emocionais, o ambiente em que se vive e as relações interpessoais.
Outro fator importante é a falta de uma educação sexual de qualidade. Muitas mulheres não tiveram acesso a informações fundamentais sobre consentimento, abuso sexual, violências de gênero, além do próprio funcionamento biológico e fisiológico do corpo. Isso compromete não apenas o autoconhecimento, mas também a capacidade de estabelecer limites e de comunicar seus desejos de forma assertiva.
Além disso, a ausência de diálogo afetivo e emocional com a parceria contribui para esse bloqueio. A construção de um relacionamento saudável — com espaço para escuta, respeito e comunicação aberta — é essencial para que a mulher se sinta segura para se expressar com liberdade e autenticidade.
Quando questionada sobre como desenvolver uma comunicação mais aberta e saudável com o parceiro, a entrevistada conta que: “Para que uma comunicação sexual seja aberta e saudável, é fundamental que a relação como um todo seja segura e acolhedora. Sentir-se emocionalmente segura dentro do relacionamento é o primeiro passo para conseguir expressar desejos, limites e preferências de forma tranquila.
A confiança é a base de tudo. O casal precisa conseguir conversar sobre as pequenas coisas do dia a dia — desde tarefas domésticas até sentimentos e frustrações — para, então, conseguir lidar com assuntos mais íntimos, como a sexualidade".
Desenvolver uma escuta empática, sem julgamentos, e criar momentos apropriados para essas conversas também é essencial. Falar sobre sexo não precisa ser um tabu; pode (e deve) ser parte natural do diálogo entre o casal. Quanto mais aberto for esse canal de comunicação, mais íntima, prazerosa e respeitosa tende a ser a vivência sexual para ambos.
Resgatar o direito de negar, mas também de pedir, sugerir e explorar, é um passo fundamental para uma sexualidade mais autêntica, baseada no respeito mútuo, no diálogo e na liberdade.
Você acha que os padrões estéticos ainda influenciam?
Muito
Um pouco
Quase nada
Não
Agradeço a oportunidade de contribuir com o trabalho desenvolvido. A sexualidade é um tema que deve ser abordado de forma científica. Parabéns.
ODEIO ESSES PADRÕESSSSS
Amei d++++